segunda-feira, 28 de maio de 2007

Mesiano

Sábado passado teve um festival na faculdade de engenharia, em Mesiano. Logo no fim de semana em que estive mais ocupado desde que cheguei em Trento. O festival contou com várias bandas, de vários estilos musicais. Estava muito divertido. Havia uns quatro ou cinco palcos diferentes espalhados pelo campus. Os shows foram das 3 da tarde à meia-noite. Se fosse no Brasil iria até às 3 da manhã, mas tudo bem. Eu só cheguei lá por volta das 8 da noite, pois como eu disse meu fim de semana foi trabalhoso. Mas deu tempo para tomar uma respeitável quantidade de cerveja (o festival é patrocinado pela cerveja Forst) e me divertir bastante. Acho que essa foi a primeira vez que eu realmente interagi com a população local (com a exceção de relações puramente "comerciais"). Primeiro porque eu fui sozinho, já que meus amigos quase todos deram pra trás quando os convidei para a festa e segundo porque os trentinos, e talvez eu também, ficam mais sociáveis depois de umas cervejas. Fui a carater, com camiseta dos Ramones e o cabelão solto. "Leo Ramone", um verdadeiro punk rocker. E fiquei muito contente de saber que ainda existem pessoas que como eu gostam dessa que foi a melhor banda de todos os tempos em um empate técnico com os Beatles. Uma coisa que eu gosto de fazer é participar das chamadas "rodas punk", onde o pessoal fica uns empurrando os outros. Tem gente que acha que é violência, mas quando se faz isso com pessoas que entendem o espirito da brincadeira é divertido e não tem nada de violento. Aliás tem gente que acha que ser punk é andar sujo e ser anti-social, violento e racista. Quem acha isso vá ouvir Ramones. Ser punk é fazer o que se quer, é curtir a vida da maneira que achar melhor sem se preocupar com a moda ou com o que os outros vão pensar. Ser punk é diversão. Mas nesse caso era uma "roda metal", já que a única banda punk que tinha eu não pude ver, pois colocaram os caras pra tocar as 3 da tarde e eu não tinha como estar lá a essa hora. Depois que eu saí da tal roda metal uma guria veio falar comigo do nada dizendo que gostava muito de Ramones e perguntando como eu, que gosto de Ramones, poderia estar curtindo aquela porcaria de música. Eu falei pra ela que não tinha nada parecido com Ramones naquele lugar, então estava curtindo a música que tinha. E eu sou assim mesmo. Curto o que rolar. Se rolar punk rock, excelente. Mas se rolar qualquer outro som decente tá valendo. Frescura não é comigo. Além dessa guria, mais uma outra e uma meia dúzia de malucos vieram falar comigo por causa da bendita camiseta ao longo da noite. Teve uns loucos que até me pagaram uma cerva. Outro chegou e começou a falar da famosa briga do Joey com o Johnny... Bom saber que existem punks em Trento. Hey ho, let's go!

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Mais para o fim da noite, quando começou a chover, encontrei o Mirko, o único dos meus colegas que foi pra festa. Batemos um papo eu, ele e a namorada dele. Ele é da região onde é produzida a tal cerveja Forst. Me contou que é a única "grande" cervejaria italiana que não é controlada por nenhuma multi-nacional. Me contou ainda a piada a seguir:

Três representantes de vendas, um da Waarsteiner, um da Heineken e um da Forst vão ao bar.
O representante da Waarsteiner pede:
- Ein Waarsteiner bitte.
O da Heineken:
- Uma Heineken por favor.
E o carinha da tal Forst:
- Me vê uma laranjada.
Os outros dois se olham espantados e perguntam:
- Por que não vais tomar uma Forst??
E o louco diz:
- Ah pára, se vocês não vão tomar cerveja eu também não!

sábado, 26 de maio de 2007

Burocracia do Caramba

Eu cheguei na Itália no final de outubro do ano passado e tive que esperar o "permesso di soggiorno" ou "permit of stay" ou "seja lá como se chama este documento em português" até ontem. Acho que no Brasil é "carteira de identidade para estrangeiro" mesmo que chamam. Bom, do fim de outubro até o fim de maio são 7 meses. Dá quase pra fazer um filho nesse tempo. 7 meses pra me entregarem meu primeiro documento pra "ser alguém" na Itália. Agora finalmente posso começar a procurar um apartamento para trazer minha família pra cá, outra batalha a vista. Mas a melhor parte eu ainda não contei. Adivinhem a validade do meu permesso: 31 de Julho! Não, não 31 de Julho de 2008. De 2007 mesmo. Então eu, que acabei de esperar 7 meses por esse cartão, devo já imediatamente solicitar a renovação e, claro, pagar novamente a respectiva taxa administrativa. É realmente sensacional. E preciso achar casa e pedir os vistos dos familiares antes de 31 de julho, senão sabe-se lá quando eu vou ter um permesso de novo. Mas eu até que tenho sorte. Do que eu estou reclamando, afinal eu fui um privilegiado. Fui o PRIMEIRO dos meus colegas "extracomunitários" (não UE) que vieram pra cá em outubro a receber o permesso. O Komminist, por exemplo, está com a visita para tirar as impressões digitais (que eu fiz em março) marcada para agosto!! Depois disso ele ainda vai ter que esperar mais alguns meses pelo permesso. E mais, como o primeiro permesso vem com a mesma validade do visto no passaporte, o dele com certeza já vai chegar vencido. E não é porque ele é africano. A minha orientadora, americana e que acabou de se casar com um italiano e veio pra Itália mais ou menos na mesma época que eu está na mesma que ele. Ainda nem tirou as impressões digitais. O passaporte brasileiro pelo menos me dá uma boa mobilidade na Europa. Alguns colegas que tem outros passaportes, quando tiverem seu visto vencido e não tiverem nenhum outro documento italiano simplesmente não poderão sair da Itália, pois se saírem não terão como entrar de volta. Incredibile.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Ha Vinto Il Milan

Ouviu-se a noite passada nos bares e ruas de Trento:

SIAMO NOI
SIAMO NOI
I CAMPIONI DELL'EUROPA
SIAMO NOI

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Ei Inter VAF-FAN-CULO!

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Lo Scudetto,
Lo Scudetto,
Lo infila nel culo!

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Quando encontrei meu vizinho italiano, no ônibus de volta pra casa tivemos o dialogo:

- Hai visto la partita?
- Per me il Milan è merda. Forza Palermo sempre!

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Depois que saí do ônibus, dois carinhas com sotaque britânico conversavam:

- They've wasted so much time when they were winning. And the ref gave three minutes, but whistled with only two!
- They cheated man, they cheated. The fuckin' Italians!
- Inzaghi, uff...

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SIAMO NOI
SIAMO NOI
I CAMPIONI DELL'EUROPA
SIAMO NOI

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E eu só vendo e ouvindo tudo. De sangue doce.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Gardaland



Domingo passado fui ao Gardaland com meus amigos Komminist e Chiara. Gardaland é um parque de diversões aqui da Itália, na cidade de Peschiera del Garda. Garda é um lago as margens do qual fica a cidade. Trata-se da região do Veneto, cuja capital é Verona. O parque é no estilo Beto Carreiro World ou Hopi Hari e é bem divertido. O mascote do parque é um tal de Prezzemolo. Um dragãozinho verde que foi um dos heróis da infância da Chiara. Gostaria muito de ter levado minhas gurias. Quem sabe num futuro próximo. As fotos estão no slideshow acima ou lá no Picasa.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

"Curita"

Uma meia dúzia de posts atrás eu falei sobre uma reportagem do Estado de São Paulo sobre Rio Grande. Esse post é na mesma linha. Acontece que saiu na "The New York Times Magazine" deste domingo uma matéria gigante sobre Curitiba. Eu imagino que "The New York Times Magazine" seja um suplemento da edição dominical do jornal. Eu não sei se é isso mesmo por que leio (as matérias que me interessam) sempre online. A matério elogia a chamada "cidade modelo" por se preocupar com questões como qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e com o meio ambiente desde uma época em que as outras cidades brasileiras não estavam nem aí pra isso. Eu confesso que ainda não tive tempo de ler todas as seis páginas da enorme reportagem, mas pela primeira página já deu pra aprender quem é o tal Jaime Lerner. Antes eu só tinha ouvido falar nesse cara pela minha prima paranaense Ligia e pelos familiares dela numa das poucas vezes que estive na cidade de Ponta Grossa. Acho aliás que a Ligia vai gostar desse post, né Ligia? Ainda por cima, o Atlético Paranaense (time da Ligia) é o lider do Brasileirão hoje, com o Paraná sendo o vice-lider. Já o Inter segue rumo ao rebaixamento. Espero que meu time mude logo o rumo. Parabéns a Curitiba e aos paranaenses.

Ah, claro. Aqui vai o link para a matéria do New York Times Magazine sobre Curitiba. Boa leitura.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Beijing (Pequim) 2008

Tenho um novo companheiro de quarto. Depois que o Ucraniano foi para a Alemanha eu passei um ou dois meses com o quarto só para mim. Agora colocaram alguém pra substituir o Ucraniano. Trata-se de um dos 1,313,973,713 chineses (estimativa da CIA de Julho/2006). O chinês, cujo nome eu não sei escrever, tem passado mais tempo na casa de amigos chineses do que lá em casa. Isso é bom, pois no fim de semana, por exemplo, continuei com o quarto só pra mim. Mesmo mal me conhecendo, ele me deu um presente. Um broche das olimpíadas de 2008, que vão acontecer em Pequim (Beijing), na China em 2008. Não que eu vá efetivamente usar um broche com esse ursinho panda do desenho abaixo, mas gostei muito do gesto espontâneo de amizade do novo "roommate". O mínimo que eu poderia fazer em troca é divulgar aqui no blog as Olimpíadas 2008.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Greve, Direita, Esquerda e Politicagens em Geral

NOTA: No dia 15 de maio de 2007, este post específico recebeu dezenas de visitas de usuários de Brasília através de um link no Orkut. Isso não é normal. Esse blog recebe algumas poucas dezenas de visitas por dia, mas do mundo todo. Dezenas só de Brasília, e a partir de um link no Orkut (o qual eu não consegui localizar) foi algo bem atípico. Eu não tenho nada contra essas visitas de Brasília. Pelo contrário, adorei. Mas só gostaria que deixassem um comentário para eu saber o que houve de especial neste dia. Só posso imaginar que o tal link no Orkut tenha sido disponibilizado em algum curso ou palestra ou coisa do genero, dado que tais visitas foram todas de um mesmo lugar em um mesmo dia. Enfim, se alguém souber do que se trata me mande um comentário, pois fiquei curioso. E obrigado por visitarem o blog. Segue o post original:

Pois é, greve. Hoje teve greve da cantina universitária onde eu almoço diariamente. E soube que não foi só na que eu almoço. Todas as cantinas da Universidade de Trento estão fechadas hoje. Ouvi falar que são todas as cantinas desse tipo da Itália, mas também ouvi falar que não, que é só em Trento, então não sei a extensão da paralisação. O fato é que tive que ir em uma pizzaria perto do IRST onde paguei quase três vezes mais o que normalmente pago para almoçar, e ainda comi menos. Outro fato é que aqui na Itália os sindicatos são bem fortes. Volta e meia tem greve dos ferroviários e dos motoristas de ônibus, sem falar nos funcionários da virtualmente falida Alitalia. Até greve dos médicos teve esses dias. Se os sindicatos serem fortes é uma coisa boa ou ruim eu deixo para o leitor julgar. Ainda bem que as "greves" aqui são, em geral, paralisações de um ou dois dias e não aquelas greves por tempo indeterminado.

Falando em greve. Faz tempo que não ouço falar em greves no Brasil. Ou eu estou mal informado, ou a coisa melhorou (acho brabo), ou os grevistas eram todos petistas e agora estão com "vergonha" de fazer greve.

Falando em petistas, eu acho que não existem partidos de "direita" no Brasil. Explico. Os caras de "direita" aqui na Europa e, claro, nos EUA, são "realmente" de direita. Os caras falam abertamente que o capital é mais importante que as pessoas. Falam abertamente que estrangeiro não tem direito a nada. Entram em guerra por qualquer galão de petróleo. São abertamente nacionalistas. Pregam a moral e os bons costumes, pedindo impeachment de presidentes adúlteros, por exemplo, e por aí vai. Quem é assim no Brasil? O PSDB? O PSDB pra mim fazia no governo e faz em suas campanhas o mesmo que os partidos da "esquerda" daqui fazem. Aliás o PSDB tem "Social" no nome. Ouvi até falar em uma idéia, que eu acho que não vai vingar, do PT e o PSDB se unirem nas próximas eleições. Não sei contra quem eles vão se unir, mas enfim. Talvez um partido realmente de direita no Brasil seja o PRONA, mas agora sem o Enéas esse partido que já era uma piada, tende a sumir de vez. De extrema direita, ainda bem, não temos nenhum, que eu saiba. De extrema esquerda temos o PSOL, PSTU e talvez alguns outros partidos nanicos. Pra mim qualquer extrema, seja direita ou esquerda, é uma porcaria.

Agora mesmo na França elegeram um cara conservador, ou seja, de "direita". Os franceses, que há um tempo atrás decapitaram o Luis XVI (que morava naquele belo palácio que eu mostrei uns posts atrás) em nome da "liberdade, igualdade e fraternidade" já andam protestando. Vamos ver no que vai dar. Aqui na Itália, depois de um bom tempo com o Berlusconi, agora está o Prodi no poder. O Prodi é de "esquerda". O Berlusconi é o dono da maior rede de rádio e TV privada do país, além de ser dono (ou Presidente vitalício, não sei) do AC Milan, onde joga o Kaká. Conheço alguns italianos que pararam de assistir futebol por causa da violência nos estádios, do Berlusconi e de outras politicagens do futebol italiano. Esses caras estão acompanhando agora, quem diria, o rugby. Dizem eles que o rugby é um esporte mais leal. Se os brasileiros se importassem com esse tipo de coisa acho que a torcida do Vasco diminuiria bastante por causa do Eurico Miranda. Mas eu entendo os Vascaínos. Acho que nem se o diabo assumisse a diretoria do Internacional eu iria deixar de ser Colorado ou de gostar de futebol.

Ah, parece que hoje o Papa, que anda lá pelo Brasil, canonizou o primeiro santo brasileiro. Um tal de frei Galvão. Estranho que Deus, que dizem ser 100% justo, colocou centenas de santos aqui na Itália e só um no Brasil em todos esses anos. E isso que a população brasileira sempre foi maior, e a população católica brasileira é a maior do mundo. Eu creio que "santidade" seja, de certa forma, também um cargo político.

Putz, e eu que ia escrever só que a cantina da Universidade estava fechada hoje. Agora que saiu tudo isso aí não vou apagar...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

SportItalia

Descolei um decoder pra ver um canal de esportes daqui. O canal (SportItalia) é tão "cururu" que não transmite nem a Série B do campeonato Italiano. Da Série A eles não podem nem mostrar os gols. Mas em compensação transmitem coisas para as quais os Italianos não estão nem aí como a Libertadores, o Brasileirão, a Copa America e a NBA. Ontem mesmo vi o belo jogo Boca Juniors x Velez Sarsfield. Nem acredito que vou poder ver esses joguitos!

Falando em Libertadores, não adianta. Não consigo mais torcer contra um time do RS. Não consigo secar o Grêmio. Vendo aqui de longe a "secação" não faz o menor sentido. Só o fato de um narrador italiano dizer "Porto Alegre" já me enche de orgulho. Melhor se fosse o Inter, mas se tiver que ser o Grêmio, que seja.

Aproveitando ainda o assunto Libertadores, quero sugerir-lhes o melhor blog futebolístico italiano que eu conheço. Chama-se "Fernando Redondo" o blog, e traz uma bela cobertura do futebol Brasileiro e sul americano. Além do futebol europeu, claro.

Para aqueles que não se prestarem a ir lá ler, reproduzo aqui dois belos trechos do post de hoje sobre a Libertadores dos caras:


  • "Solo un'incompetente redazione calcistica come quella di Sportitalia può elogiare giocatori come Leonardo Moura e Souza, mentre la squadra di Sorondo passa ai quarti ben consapevole di aver raggiunto l'obiettivo massimo." Nem sei se precisa traduzir, mas eles estão reclamando do SportItalia (que eu disse que era "cururu" ali em cima) por elogiar os medianos jogadores flamenguistas que foram eliminados ontem.

  • "Ancor più gioia ci ha donato la vittoria del Gremio sul Tricolor Paulista. Come ci segnala Brahma, lo stadio di Porto Alegre è colmo all'inverosimile per spingere i propri ragazzi verso la vittoria, che arriva grazie alle reti di Tcheco e Diego Souza. Deriso l'arrogante Rogerio Ceni, uno dei portieri più sopravvalutati del panorama intercontinentale. Ma l'avevamo già preventivato settimana scorsa che per il S.Paolo sarebbe stata dura.
    Il Gremio si conferma squadra tosta, ben orchestrata da Menezes e sorretta dalle importanti individualità dei due marcatori oltrechè del portiere argentino Saja. Sebbene di Tcheco ce ne ha parlato in abbondanza Brahma, non riesco ancora a capacitarmi come una squadra come il Benfica non sia riuscita a valorizzare un giocatore del calibro di Diego Souza. I ragazzi di Menezes guardano con fiducia agli sviluppi della coppa, nonostante davanti manchi una prima punta di qualità (Moacir Bastos Tuta lo conosciamo bene..)." Destaques deste trecho: "[...]O estádio [Olimpico] estava incrivelmente cheio para incentivar os caras para a vitória. [...] Humilhado o arrogante Rogerio Ceni, um dos goleiros mais superestimados do panorama intercontinental. Já havíamos previsto semana passada que o São Paulo teria dificuldades. [...]". Para facilitar o entendimento do resto do texto, "Brahma" é o apelido de um dos colaboradores do blog.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Anchova Assada - Saiu no Estadão, "Meu"!


Anchova assada. Esse é talvez o prato mais típico da minha cidade, Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Para mim é a maior atração da Festa do Mar, um evento que acontece por lá de dois em dois anos. Tem shows e mais uma série de atrações na Festa do Mar, mas eu ia é para comer anchova mesmo quando morava por aquelas bandas. Pois a iguaria é tão boa que saiu no jornal O Estado de São Paulo nesse fim de semana. Pra quem mora em cidade grande pode parecer ridículo, mas pra quem mora em cidade média ou pequena é muito legal quando a "terrinha" sai em um jornal desses, ou no Jornal Nacional. Principalmente quando é uma matéria sobre algo bom, e não nenhuma tragédia. Então, quem quiser conhecer a receita da anchova assada e de quebra saber um pouco mais sobre Rio Grande pode ler a matéria do Estadão. A matéria diz que não é possível comprar o produto fora da época da Festa do Mar, o que não é verdade. Existem lugares estratégicos na praia do Cassino onde é possível sim comprar anchova assada. Se tu andares por lá é só perguntar pra qualquer "Cassineiro" que se prese que ele te indica onde comprar anchova assada. Pelo menos no verão. No inverno realmente, acho que não tem como comprar. E também não sei por que.

A foto que ilustra este post também é do jornal O Estado de São Paulo.

sábado, 5 de maio de 2007

História do Blog

Este Blog já tem um ano e meio de vida. Já se chamou "Un Brasiliano nella Svizzera" e agora se chama "Un Brasiliano in Italia". Hoje estou fazendo uma retrospectiva com os posts mais legais para quem quiser lê-los ou relê-los. Na medida que eu escrever mais posts "históricos" coloco os links aqui e vai ter sempre um link ali do lado para a "História do Blog" que vai apontar para este post. Seguem os posts que, por um motivo ou por outro acho os mais interessantes. Os posts estão divididos em categorias auto-explicativas e dentro das categorias em ordem cronológica. Divirta-se!

HISTÓRIA GERAL: Posts relevantes para a "história do blog".

GRANDES VIAGENS: Posts sobre minhas melhores viagens. Servem também como um guia turístico meia-boca.

POSTS SOCIOLÓGICOS: Alguns bons momentos entre familiares e amigos, além de posts que destacam diferenças culturais.

HISTÓRIA COLORADA: Posts sobre o SC Internacional e outros posts relacionados a futebol.

TAGS ÚTEIS: Por fim algumas tags úteis se gostas de:

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Tifoseria Milanista

Buenas, ontem uma galera de amigos veio aqui pra casa ver o sulanque de 3x0 do Milan contra o Manchester United. Estava muito legal. Eu adoro estar com amigos. Ainda mais tomando cerveja e vendo futebol. Claro que torcemos pro Milan. Afinal estamos na Itália. Só o Komminist, meu amigo da Etiópia começou torcendo pelo Manchester, mas quando o Seedorf fez o segundo gol do Milan ele já virou a casaca.

Tifoseria Milanista

Da esquerda para a direita: Em pé: Eu (Brasil); Sentados: Matteo (Itália), Mirko (Itália), Chiara (Itália) e Komminist (Etiópia); Na mesa: Cerveja Warsteiner (Alemanha), Cerveja Moretti "bock" (Itália), pizza mezza quattro stagioni mezza tonno e cipolle (Itália) e pizza mezza salame mezza prosciutto e funghi (Itália); Na geladeira: Cerveja Guinness (Irlanda).

Livro do Mês: O Império Americano - Noam Chomsky


Bom, em primeiro lugar eu não tenho nada contra os Estados Unidos. Alguns dos meus melhores amigos aqui na Europa são americanos e entre os melhores lugares que já estive na vida estão a Florida e Nova Iorque. Mas este livro nos mostra os riscos do domínio global americano. Nos mostra o poder e a influência que os EUA exercem sobre o mundo todo, o que me dá um certo desconforto. O livro expõe algumas incoerências dos Estados Unidos. Por exemplo, no fim dos anos 60 a URSS colocou alguns misseis nucleares em Cuba, "apontados" para os Estados Unidos. O que foi tachado pelo governo americano e pela mídia mundial como uma ameaça, um absurdo, o momento de maior perigo para a segurança do planeta em todos os tempos. Acontece que muitos anos antes os EUA tinham mísseis do mesmo tipo instalados na Turquia e "apontados" para a URSS. Claro que neste caso não havia nenhum perigo, pois os mísseis americanos são do bem e lutam pela liberdade, etc. Como eu disse, nada contra os EUA. Tenho amigos americanos (embora eles sejam leitores do Chomsky, que também é americano) e a maioria dos europeus ainda defende muito os EUA por causa da segunda guerra mundial. Ocasião esta em que o papel dos Estados Unidos foi sem dúvida fundamental para a vitória dos aliados. O problema são as incoerências. Quando a ditadura é aliada eles a defendem (ex: ditaduras militares na América do Sul, regime racista do apartheid sul-africano...). Quando a ditadura não lhes convem eles querem lutar pela "democracia". Os aliados dos EUA sempre são bem vistos pelos EUA e pela imprensa mundial, ao passo que os que discordam dos EUA muitas vezes são apontados como terroristas. Sem falar que as normas da ONU servem para todos os países menos para os EUA, que podem decidir invadir o Iraque ou qualquer outro país com ou sem a aprovação da ONU. Vale a pena ler o livro, para abrir os olhos a respeito da única super potência do mundo moderno. Enfim, segue um trecho do livro que foi publicado pela Folha de São Paulo.

"
Capítulo I - Prioridades e Perspectivas

Alguns anos atrás, um dos grandes nomes da biologia contemporânea, Ernst Mayr, publicou algumas reflexões sobre as chances de sucesso na busca de inteligências extraterrestres. Para ele, essa probabilidade era remota. Suas conclusões tinham a ver com o sentido adaptativo do que chamamos "inteligência superior", ou seja, a forma especificamente humana de organização intelectual. Mayr estimou o número de espécies desde a origem da vida em cerca de cinqüenta bilhões, uma única das quais "atingira o tipo de inteligência necessária a gerar uma civilização." Isso ocorreu em passado bem recente, há cerca de cem mil anos. Costuma-se supor que apenas um pequeno grupo tenha sobrevivido, do qual somos todos descendentes.

Mayr especulou que a forma humana de organização intelectual talvez não se deva à seleção. A história da vida na Terra, escreveu, contradiz a afirmação de que "é melhor ser inteligente do que burro", ao menos a julgar pelo sucesso biológico de besouros e bactérias, por exemplo, muito mais bem-sucedidos do que os humanos em termos de sobrevivência. Ele acrescentou, ainda, o sombrio comentário: "a expectativa média de vida de uma espécie é de cerca de cem mil anos".

Estamos entrando em um período na história humana que talvez possa esclarecer se é melhor ser inteligente do que burro. A perspectiva mais otimista é a de que a pergunta não seja respondida: se houver uma resposta definitiva, ela só poderá ser a de que os humanos resultaram de algum tipo de "equívoco biológico", usando os cem mil anos que lhes foram reservados para destruir uns aos outros e, nesse processo, muitas coisas mais.

Sem dúvida, a espécie desenvolveu a capacidade para fazer precisamente isso, e um hipotético observador extraterrestre poderia concluir que os humanos demonstraram tal capacidade ao longo da história, dramaticamente nas últimas centenas de anos, agredindo o meio-ambiente que sustenta a vida, a diversidade de organismos mais complexos, e com selvageria fria e calculada, também uns aos outros.

AS DUAS SUPERPOTÊNCIAS
O ano de 2003 começou com várias indicações de que os temores acerca da sobrevivência humana são bastante realistas. Para mencionar apenas alguns exemplos, no início do outono de 2002, descobriu-se que uma guerra nuclear, possivelmente terminal, por pouco não acontecera, quarenta anos atrás. Logo após essa descoberta chocante, o governo Bush barrou os esforços da ONU para banir a militarização espacial, uma grave ameaça à sobrevivência. O governo igualmente suspendeu as negociações internacionais para impedir armas biológicas e tratou de garantir a inevitabilidade de um ataque ao Iraque, apesar da oposição popular sem precedentes históricos.

Organizações de assistência com vasta experiência no Iraque e estudos desenvolvidos por organizações médicas respeitadas advertiram que a invasão planejada poderia provocar uma catástrofe humanitária. As advertências foram ignoradas por Washington e pouco interesse despertaram na mídia. Uma força-tarefa americana de alto nível concluiu que é "provável" a ocorrência de ataques com armas de destruição em massa (WMDs) dentro dos Estados Unidos, probabilidade essa que aumentaria no caso de uma guerra com o Iraque. Vários especialistas e agências de inteligência se pronunciaram na mesma linha, acrescentando que a beligerância de Washington — e não apenas com relação ao Iraque — vinha fazendo crescer a velha ameaça do terrorismo internacional e da proliferação das armas de destruição em massa. Todas essas advertências foram ignoradas.

Em setembro de 2002, o governo Bush anunciou sua Estratégia de Segurança Nacional, que declarava ser seu direito recorrer à força para eliminar qualquer ameaça detectada contra a hegemonia global americana, prevista para ser permanente. A nova grandiosa estratégia causou preocupação no mundo todo, inclusive nos peritos em política externa nacionais. Também em setembro, foi lançada uma campanha de propaganda para pintar Saddam Hussein como uma ameaça iminente aos Estados Unidos, insinuando que ele fora responsável pelas atrocidades de 11 de setembro e que planejava outras. A campanha, programada para coincidir com as eleições de meio de mandato para o Congresso, atingiu em cheio seu alvo. Em pouco tempo, a opinião pública americana tomou direção diversa da opinião pública global, auxiliando o governo a alcançar seus objetivos eleitorais e transformar o Iraque em teste válido para a recém-anunciada doutrina de recorrer à força quando lhe convier.

O presidente Bush e seus colegas também continuaram sabotando os esforços internacionais para reduzir as ameaças ao meio-ambiente que são reconhecidamente graves, com pretextos que mal disfarçavam sua dedicação a setores restritos do poder privado. O Programa Científico de Alteração Climática (CCSP) do governo, observou o editor Donald Kennedy da revista Science, é uma paródia que "não inclui qualquer recomendação sobre limitação de emissões (de poluentes) ou outras formas de minimização (das conseqüências)", contentando-se com "metas voluntárias de redução, que, ainda que cumpridas, não impediriam o crescimento das taxas de emissão americanas em cerca de 14% a cada década." O CCSP sequer considerou a possibilidade, sugerida por "um crescente número de indícios", de que o aquecimento global a curto prazo por ele ignorado "detonará um abrupto processo não-linear", produzindo drásticas mudanças de temperatura capazes de gerar enormes riscos para os Estados Unidos, a Europa e outras zonas temperadas. "A postura insolente quanto à cooperação multilateral para solução do problema do aquecimento global" do governo Bush, acrescentou Kennedy, foi "o ponto de partida do longo e contínuo processo de erosão das relações com a Europa", que levou a um "ressentimento latente".

Em outubro de 2002, já era difícil ignorar o fato de que o mundo estava "mais preocupado com o uso desenfreado do poder americano do que... com a ameaça representada por Saddam Hussein", e "tão decidido a limitar o poder do gigante quanto... a privar o tirano de suas armas." A preocupação mundial aumentou nos meses seguintes, quando o gigante deixou claro seu intento de atacar o Iraque, ainda que as inspeções da ONU, relutantemente toleradas por ele, não tivessem conseguido revelar armas para lhe servirem de pretexto. Em dezembro, as pesquisas internacionais demonstraram que, fora dos Estados Unidos, o apoio aos planos de guerra de Washington mal chegava a 10%. Dois meses mais tarde, depois de enormes protestos no mundo todo, a imprensa concluiu que "talvez ainda existam duas superpotências no planeta: os Estados Unidos e a opinião pública mundial" ("os Estados Unidos" aqui entendido como o poder estatal, não a opinião pública ou mesmo a da elite americana).

Estudos revelaram, no início de 2003, que o medo inspirado pelos Estados Unidos atingira picos impressionantes no mundo todo, juntamente com a desconfiança em sua liderança política. O menosprezo pelas necessidades e direitos humanos elementares combinava-se a uma demonstração de desdém pela democracia para o que não é fácil achar paralelos, tudo isso acompanhado de discursos abundantes em promessas de devoção aos direitos humanos e à democracia. O que se seguiu deve ser profundamente inquietante para todos aqueles que se preocupam com o mundo que deixarão para seus netos.

Embora os estrategistas de Bush se encontrem em um ponto extremo do espectro político americano tradicional, seus programas e doutrinas têm vários precursores, tanto na história dos Estados Unidos quanto entre aspirantes anteriores ao poder global. Mais sinistro ainda é o fato de que suas decisões podem não ser irracionais no âmbito da ideologia corrente e das instituições que a encarnam. Não faltam precedentes históricos de líderes dispostos a ameaçar ou usar de violência frente a significativos riscos de catástrofe. Hoje, porém, o perigo é bem maior. A escolha entre hegemonia e sobrevivência poucas vezes foi exposta de forma tão evidente — se é que algum dia realmente o foi.

Tentemos desenrolar alguns dos muitos fios que se entrelaçam nessa complexa trama, focando nossa atenção na potência mundial que proclama sua hegemonia global. Suas ações e doutrinas norteadoras devem ser a principal preocupação de qualquer ser deste planeta, principalmente, é óbvio, dos cidadãos americanos. Muitos gozam de vantagens e de uma liberdade incomuns, o que os capacita a moldar o futuro, devendo encarar com cuidado as responsabilidades diretamente decorrentes de tal privilégio.
"

Curiosidade: Esse foi o primeiro livro que eu li em italiano. Até tentei achar algo em inglês, mas aqui em Trento é difícil encontrar, então encarei a versão italiana mesmo. Diria que deu para entender uns 90% do livro.

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