quinta-feira, 19 de abril de 2007

Viagem de Páscoa - Parte Final - Versailles e o Garçom Enxaqueca

Pois é, chegou a hora de terminar de escrever sobre essa ótima viagem de Páscoa. No último dia, a segunda-feira que é feriado tanto na Itália como na França (os italianos chamam o feriado de "Pasqueta"). Para o último dia resolvemos ir a Versailles. Já tínhamos conhecido o palácio dos reis da França (que hoje é o Louvre) e no fim do feriado resolvemos ir conhecer a casa de campo deles, em Versailles.

Pra chegar lá foi meio complicado, pois a linha de metrô que tinha que pegar (RER) estava em obras. Então cada vez que nós pegamos este RER em todo o feriado foi meio estressante, mas tivemos sorte pois encontramos um casal de portugueses em uma das n estações e daí pra frente foi mais fácil, pois os portugueses falavam francês e conseguiam pedir informações. Um curso de francês definitivamente está nos meus planos para um futuro próximo. Esses portugueses eram gente boa, e conversaram com a gente durante toda a viagem de trem e também na fila pra entrar no palácio. É sempre bom falar com pessoas de outros lugares. Sempre se aprende algo. Por exemplo, aprendi que houve um período em que os mouros dominaram Portugal, mas os portugueses acabaram expulsando-os primeiro do Norte e por fim do sul do país. Por esse motivo, também aprendi, que algumas pessoas do Porto, inclusive o presidente do FC Porto, chamam os portugueses de Lisboa e do sul do país em geral de mouros até hoje, de forma pejorativa. Aprendi também que em Lisboa existem vários restaurantes brasileiros, inclusive churrascarias rodizio. Se eu andar por lá e não for um absurdo de caro até vou num rodízio. Vocês não imaginam a falta que faz um churrasco pra um gaudério como eu. Depois de entrarmos no palácio, nos separamos dos portugueses, pois nós queríamos manter nosso plano de fazer pique-nique e eles queriam comer em um restaurante ou algo assim.

E que palácio. Enorme o lugar. Eu não contei, mas segundo a Wikipedia (eu adoro a Wikipedia ;-) ) "o Palácio de Versailles possui 2 mil janelas, 700 quartos, 1.250 lareiras e 700 hectares de parque". Começamos o passeio pelos jardins. Uma imensa área verde que aparece na foto a seguir:

Tudo que aparece nessa foto faz parte dos jardins reais. Garanto que devem ter havido reis que nunca percorreram tudo. Inúmeras fontes, "recantos", lagos. Enfim, encontramos um lugar nesse pequeno "pátio" pra fazer pique-nique. De novo pão, saleme, queijo e um tubão de Coca Cola. Depois seguimos caminhando pelos jardins e encontramos alguns recantos curiosos e bonitos. A escultura a seguir, por exemplo, retrata um cara e duas mulheres. Possivelmente algum deus mitológico e duas ninfas (essa eu chutei, pode muito bem ser um oftalmologista e duas paquitas ok?). Uma imagem um tanto inspiradora nos jardins reais. Vai saber o que os caras faziam aqui...

Bom, nós caminhamos bastante pelos jardins, vimos bastante fontes e coisas do gênero. O lugar é mesmo impressionante. Quando fomos conhecer o interior do palácio já estava chegando o fim da tarde. Só os aposentos das princesas, que eles chamam de "dauphin" são um luxo total. Tem ainda os aposentos do rei e da rainha. Luxo total. O cara chega a ter um quarto para receber visitas. Não sei qual a moral, mas ouvi no fone de ouvido que eles te dão na entrada: "Os reis nunca dormiam nessa cama. Apenas recebiam visitas neste quarto." E tem uma sala dedicada a Marte e a arte da guerra, e outra dedicada a festas. "O rei não deve se privar das coisas mundanas. O povo clama pelo rei..." e aquele bla bla blá de monarca. Sabe como é. Tinha também uma sala de estudo onde os livros eram trocados mensalmente. E eu querendo ler um bom livro por mês e os nobres lêem uma biblioteca inteira...acho que eles não tinham muito o que fazer. Os fones que recebemos na entrada contam com narrações em uns 10 idiomas entre os quais, claro, não está o português. Não deu tempo de visitar todos os aposentos da casinha do Luis XIV e família. Quando dá seis horas começam os auto falantes a mandar o cara se dirigir à "sortie". "Le Château ces't fermé". Desligam os fones e daí a pouco os seguranças aparecem pra te falar ao vivo que "Le Château ces't fermé". Tudo bem. Foi legal a visita. Fomos de volta para Paris.

Podem conferir minhas fotos de Versailles no álbum Picasa a seguir:

France - Versailles


Chegando em Paris fomos pro hotel tomar banho e trocar de roupa antes de sair para jantar, o que depois percebemos que foi um erro. Acabamos indo jantar tarde e conhecendo o garçom enxaqueca. Resolvi dar esse nome ao nosso amigo garçom em homenagem ao Garoto Enxaqueca. Um personagem das vinhetas da MTV nos anos 90 (talvez fim dos 80) que estava sempre estressado. Pra quem não conhece o Garoto Enxaqueca aí vai um vídeo. O desenho é tosco, mas é engraçado. Pelo menos eu acho. Confere aí:



Bom, voltando ao garçom enxaqueca, nós chegamos pra jantar já passavam das 11 da noite. O que pra nós brasileiros é normal, quando estás curtindo um feriado viajando e tal. Bom, para os franceses definitivamente não é normal. A entrada foi servida normalmente, estavamos curtindo um vinho e aí lá pela quarta garfada na entrada o cara traz o fondue, que logicamente deveria ser servido depois. "Le cuisine ces't fermé. Je suis désolé." Ou seja, ele tinha que servir já, pois a cozinha estava fechando. Bom, tudo bem, seguimos comendo a entrada e depois começamos com o fondue. Mas fondue não é exatamente um cheeseburguer, que tu comes assim meio na correria. Fondue é pra comer na manha, tanto que tu esquentas na hora. Não tem nem perigo de a comida esfriar. E o cidadão começou a vir toda a hora até a nossa mesa. Olhava para os pratos ainda com carne e pão a ser degustado e fazia sinal de negativo com a cabeça e uma cara de garoto enxaqueca. Eu estava de costas pra ele, mas a Sibele e principalmente a Ligia se estressaram muito com esse comportamento do cara. E seguramente ele não gostou da forma como olharam pra ele e fomos realmente mau atendidos no lugar. Mas o pior de tudo: se só nós estivéssemos ali, até poderia concordar que só nós comemos fora de hora e estaríamos fazendo o cara perder o trem ou algo assim, mas acontece que tinha uma outra mesa com uns franceses um pouco mais velhos que nós aos quais o cara atendia normalmente, sem nenhuma forma de pressão para eles irem embora. Nesse sentido pareceu discriminação contra estrangeiro mesmo. A Ligia chegou a chorar diante do comportamento do cara. O que me causou uma sensação muito estranha. A Ligia em um determinado momento disse pro cara, em inglês, que ele era um "gentleman". Aquilo foi muito engraçado. Uma pena que nunca vamos saber o que ele respondeu em francês. Eu simplesmente ignorei o garçom e segui comendo minha carne. Eu não falei nada pro cara pelo fato de que, mesmo hoje depois de quase duas semanas do acontecido, eu não consigo pensar em nada que eu podesse ter dito (nem em português, que dirá em Francês) que melhorasse a situação. Aquele cara iria continuar tão ou mais estressado do que já estava. Talvez uma solução teria sido nos levantarmos e termos ido embora, talvez devêssemos ter feito isso. Algumas pessoas acham que eu sou "bonzinho" ou "tolerante" demais e até se estressam comigo por isso. Talvez eu seja mesmo, até acho que sou. Mas o fato é que eu me estresso menos que a média da população sendo assim, e sinceramente acho que existem defeitos piores.

Uma pena que a nossa última noite em Paris tenha tido esse lado desagradável. Nada de "final feliz". Pelo menos fica a lição. Nunca vá jantar tarde na França. E vejamos pelo lado bom, temos mais essa história pra contar. Ah, e o vinho, o queijo e a carne estavam excelentes. O chef caprichou. Só o garçom que era enxaqueca mesmo.

Não deixe de visitar também o blog da Ligia com as impressões dela sobre essa mesma viagem e as fotos que a Sibele tirou.

2 comentários:

Fonseca disse...

huahauaha! Saudades do Garoto Enxaqueca...

E, pô, tenho até vergonha de dizer que fui "só" pra Maceió... O cara aí tá desbravando a Europa toda!! ;)))

Unknown disse...

Garoto enxaqueca é foda né? Viva o YouTube pra podermos desenterrar essas pérolas.

Po, Maceió é massa. Nem sei mais o que é praia, há quatro invernos conscutivos que não pego uma praia. E Maceió é melhor que praia. É "A" praia. Abraço tche!