Quando eu era criança, eu achava que os adultos sabiam muita coisa. Eu achava que os adultos sabiam praticamente tudo. Que os adultos tinham todas as respostas. Era um pensamento reconfortante. Caso eu tivesse alguma dúvida, eu perguntava a um adulto e pronto. Acabou-se a dúvida. E assim poderia eliminar com extrema facilidade qualquer dúvida que fosse. O mundo era simples.
Hoje eu sou adulto e vejo que não é bem assim. E me pergunto: o que é que a gente sabe?
A gente sabe um pouco sobre economia. Hoje eu sei porque a loja de brinquedos não vende autorama por 10 centavos, ou qualquer quantia ridícula em cruzados, como eu sugeri ao meu pai uma vez: "Pai, eu não entendo porque as lojas vendem tudo tão caro. Poxa, se eu tivesse uma loja, venderia cada brinquedo por dois cruzados novos. Eu ia vender tanto brinquedo, mas tanto brinquedo, que garanto que ia ganhar mais dinheiro que todas as outras lojas." Mas meu pai me explicou pacientemente como as coisas funcionam, que a loja tem funcionários e que compra os brinquedos de uma fábrica, que por sua vez também tem funcionários e que compra matéria prima... Em resumo, me explicou que nada é de graça nesse mundo. Eu, bem ou mal, entendi aquela explicação, ou seja, uma criança pode entender o básico da economia. Daí para o mercado internacional de mercadorias e futuros é só um pouco mais de sofisticação.
A gente sabe alguma matemática, se resolveu dar um pouco de atenção àquelas aulas na escola. Sabe um pouco de biologia (Darwin é o cara!), sabe um pouco de física (Newton e Einstein também são os caras!) que desenvolvemos bastante para melhor destruir uns aos outros. Sabe um pouco de história, mas não o bastante para evitar que guerras continuem acontecendo pelo mundo afora. Sabe programar computadores. Agora eu sei um pouco dessas coisas, que não sabia quando guri. Mas é só isso? Fomos nós mesmo que inventamos a economia, a matemática, a física, a biologia, os computadores, registramos a história... Mas o que a gente sabe sobre o mundo? Sobre a vida? Poxa, os adultos deveriam ter todas as respostas. Eu acho que tenho tão poucas. Na verdade, certeza mesmo não temos nenhuma. Absolutamente nenhuma.
E vemos tanta coisa obviamente errada no mundo. Crianças passando fome, gente se bombardeando sob o pretexto arcaico de "religião", políticos muito bem pagos roubando descaradamente o próprio país, guerras por petróleo... só pra ficar em alguns dos milhares de exemplos. E não se vê grandes esforços pra mudar isso. Quer saber, os adultos parecem crianças! Crianças com armas na mão e com a pose arrogante de adultos que têm todas as respostas. Patético. As vezes o mundo é simplesmente patético.
Não, eu não tenho solução nenhuma. Isso é só um desabafo. Certo estava o Sócrates quando disse "Só sei que nada sei". E, já que falamos em Sócrates, sabes tu leitor, do que morreu o grande filósofo? Foi condenado a pena de morte por envenenamento sob a acusação de ter "corrompido a mente dos jovens de Atenas". Responsáveis pela condenação os políticos da época. Adultos que certamente sabiam de tudo... Eu sinceramente não acho que saiba assim muito mais do que sabia quando tinha uns 12 anos de idade.
SC Internacional, Ramones e Cerveja. Isso tudo existe e ainda tem quem reclame da vida.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Pubblico Ministero
Participei ontem de um RPG (Role Playing Game). Pra quem não sabe, um RPG é um jogo onde cada jogador precisa cumprir um papel. Mais ou menos como um ator. Só que não tem texto. A coisa é toda no improviso e o final é imprevisível. Como é um jogo, uns ganham e outros perdem.
Na partida de ontem, tínhamos que atuar em um julgamento de um caso de homicídio. A vítima era uma senhora viúva rica, o réu um garotão que tinha um caso com ela e nenhum emprego. Claramente um aproveitador. A testemunha, uma mãe solteira acolhida pela viúva em sua casa e para quem fazia trabalhos domésticos. A testemunha teria ouvido, da cozinha, o réu discutir com a sua patroa cerca de uma hora antes de encontrá-la morta em seu quarto. Contra o réu, o testamento da viúva do qual era o único beneficiário, o fato ter reservado um carro esportivo de luxo em uma concessionária uma semana antes do crime e um arranhão no braço depois do crime. Estrangulamento. No decorrer do julgamento apareceram fatos novos, como o fato de a testemunha e o réu terem tido um caso anos antes do ocorrido, pondo em xeque a credibilidade da testemunha.
Sorteiam-se os papéis entre os jogadores. Um seria o réu, outro o advogado, alguém seria da promotoria, alguém o juiz, uma menina seria a testemunha e o restante faria parte do júri que daria o veredito ao final. Confesso um certo nervosismo quando fui sorteado como "promotor público" do caso. Teria que interrogar a testemunha e o réu, e apresentar ao júri os motivos para condená-lo. Tarefa um tanto difícil pra mim, que não sou advogado nem italiano e ainda por cima sou meio tímido (já fui muito tímido, agora sou só "meio" tímido). Foi uma experiência bem interessante. Eu acho que nunca tinha exercitado o italiano nesse nível, de ter que argumentar, questionar, apresentar uma "tese". Tudo que eu faço e apresento profissionalmente por aqui é em inglês. Foi um exercício muito bacana.
Infelizmente, pra mim, o resultado do julgamento não foi bom. O réu foi inocentado por falta de provas. De fato não havia provas materiais concretas de que ele era o assassino. Apenas o motivo e indícios. Pensando por esse lado, a decisão do júri talvez tenha sido a mais justa. Mas meu trabalho como promotor seria condená-lo mesmo assim. Quem sabe da próxima vez. Agora o garotão anda pela cidade com seu carro esporte. Paciência. O importante é que a experiência foi divertida e enriquecedora pra mim.
Na partida de ontem, tínhamos que atuar em um julgamento de um caso de homicídio. A vítima era uma senhora viúva rica, o réu um garotão que tinha um caso com ela e nenhum emprego. Claramente um aproveitador. A testemunha, uma mãe solteira acolhida pela viúva em sua casa e para quem fazia trabalhos domésticos. A testemunha teria ouvido, da cozinha, o réu discutir com a sua patroa cerca de uma hora antes de encontrá-la morta em seu quarto. Contra o réu, o testamento da viúva do qual era o único beneficiário, o fato ter reservado um carro esportivo de luxo em uma concessionária uma semana antes do crime e um arranhão no braço depois do crime. Estrangulamento. No decorrer do julgamento apareceram fatos novos, como o fato de a testemunha e o réu terem tido um caso anos antes do ocorrido, pondo em xeque a credibilidade da testemunha.
Sorteiam-se os papéis entre os jogadores. Um seria o réu, outro o advogado, alguém seria da promotoria, alguém o juiz, uma menina seria a testemunha e o restante faria parte do júri que daria o veredito ao final. Confesso um certo nervosismo quando fui sorteado como "promotor público" do caso. Teria que interrogar a testemunha e o réu, e apresentar ao júri os motivos para condená-lo. Tarefa um tanto difícil pra mim, que não sou advogado nem italiano e ainda por cima sou meio tímido (já fui muito tímido, agora sou só "meio" tímido). Foi uma experiência bem interessante. Eu acho que nunca tinha exercitado o italiano nesse nível, de ter que argumentar, questionar, apresentar uma "tese". Tudo que eu faço e apresento profissionalmente por aqui é em inglês. Foi um exercício muito bacana.
Infelizmente, pra mim, o resultado do julgamento não foi bom. O réu foi inocentado por falta de provas. De fato não havia provas materiais concretas de que ele era o assassino. Apenas o motivo e indícios. Pensando por esse lado, a decisão do júri talvez tenha sido a mais justa. Mas meu trabalho como promotor seria condená-lo mesmo assim. Quem sabe da próxima vez. Agora o garotão anda pela cidade com seu carro esporte. Paciência. O importante é que a experiência foi divertida e enriquecedora pra mim.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Rio 2016
Parabéns ao Rio de Janeiro e ao Brasil. Sediar uma copa e logo em seguida uma olimpíada não é para qualquer país. Meu Brasil cresce a cada dia. Tem problemas? Tem. Mas todos os países têm problemas. Mas quando eu vejo o Rio de Janeiro vencer Chicago e inúmeras outras cidades do mundo, eu vejo que o Brasil é um grande país. Parabéns brasileiros.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Melhor Banda Atual
Pra mim é a "Cachorro Grande". Disparado. Pato Fu chega perto, as outras nem isso.
Os caras são foda!
Os caras são foda!
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