Apesar de estar aqui tão longe, eu fico sempre ligado no que acontece na minha cidade. Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Fiquei sabendo a pouco, na comunidade da cidade no Orkut que uma produção riograndina foi um dos curtas vencedores do concurso "Bruxa Experimental" organizado por Paulo Coelho para selecionar curtas metragens que formarão um longa baseado no livro "A Bruxa de Portobello". Houveram cerca de 6000 concorrentes do mundo inteiro, alguns com muito mais recursos que o filme de Rio Grande, e o filme gaúcho foi um dos selecionados. Aliás foi o único curta brasileiro vencedor. Quem quiser dar uma conferida, o filme está disponível aqui. Como o curta é um capítulo do meio do livro, a compreensão fica meio prejudicada para quem não leu o livro. Mas só por ver uma produção de qualidade, cenários e atores da nossa cidade já vale a pena. E depois esperemos o longa. Parabéns ao Fernando Espíndola, diretor do filme e à toda a equipe.
Falando em cinema e em Rio Grande, aproveito para cumprimentar também os responsáveis pelo Cine Dunas, cinema do Cassino e que agora abriu também no centro. Um grande incentivo a cultura. Uma cidade como a nossa não poderia ficar sem um cinema. Sucesso ao Dunas.
SC Internacional, Ramones e Cerveja. Isso tudo existe e ainda tem quem reclame da vida.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
sábado, 23 de agosto de 2008
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?
Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Camping...
Dia quinze foi feriado por aqui, então eu aproveitei o feriadão e fui fazer uma das coisas que mais gosto. Acampar. Eu e mais dois amigos brasileiros nos mandamos pra cidadezinha de "Bardolino", e ficamos em um camping, na beira do lago de Garda. Local muito agradável. Muito sol, apesar de chuvas ocasionais. Principalmente a noite. O dia amanhecia nublado, fazia sol das 10 da manhã até o fim da tarde e chovia a noite. Bom, como eu vinha dizendo, muito sol, banhos de lago, remadas em caiaques, cervejas com vista para o lago e para gurias que se bronzeavam - inclusive algumas que, para nossa alegria, se esqueceram da parte de cima do biquíni -, a sempre inusitada e divertida rotina de um camping. Enfim, um fim de semana "estressante" pra caramba.
O que eu quero dizer com "inusitada e divertida rotina de um camping"? Por exemplo, tinha uma barraca onde, todas as manhãs, duas gurias alemãs muito bonitas fumavam um cachimbo maluco chamado "narguilé". O som das bolhas de fumaça daquela coisa e a beleza das gurias chamavam a atenção de absolutamente todos os homens que por ali passavam, os quais invariavelmente olhavam pra elas. Elas apenas se olhavam, sorriam e seguiam fumando. Todas as manhãs. Quase todos os campistas eram alemães. Alguns eram Holandeses. Pouquíssimos italianos. Tanto que acabamos fazendo amizade com um grupo de alemães. Fizeram eu me sentir um amador na arte de consumir cerveja. Os caras estavam em seis amigos e vieram em um furgão completamente lotado de engradados de cerveja. Acabamos nos juntando a eles numa das noites de bebedeira, e numa contabilidade rápida concluímos que eles haviam trazido cerca de um engradado de cerveja por pessoa por dia para o camping. Mesmo assim eles demonstravam preocupação com uma possível falta de cerveja. Quando estávamos tomando cerveja com esses caras, surgiu um guri gordinho de uns 17 anos, completamente embriagado, com um traje típico alemão todo embarrado. Concluímos que ele seguramente caiu de bêbado várias vezes pelo barro, talvez tenha rolado morro abaixo ou algo assim. Eu não entendo uma palavra de alemão pra saber o que ele dizia, mas tenho certeza que ele não dizia coisa com coisa. No dia seguinte encontramos esse mesmo guri, com a mesma roupa imunda, literalmente apagado, debaixo de um sol de rachar, bem na frente da barraca das gurias do "narguilé". Teriam as gurias abusado do rapaz? Que absurdo... Bom, é isso que eu quero dizer com "rotina inusitada e divertida". Foi bom dar uma curtida. Agora, de volta ao trabalho!
O que eu quero dizer com "inusitada e divertida rotina de um camping"? Por exemplo, tinha uma barraca onde, todas as manhãs, duas gurias alemãs muito bonitas fumavam um cachimbo maluco chamado "narguilé". O som das bolhas de fumaça daquela coisa e a beleza das gurias chamavam a atenção de absolutamente todos os homens que por ali passavam, os quais invariavelmente olhavam pra elas. Elas apenas se olhavam, sorriam e seguiam fumando. Todas as manhãs. Quase todos os campistas eram alemães. Alguns eram Holandeses. Pouquíssimos italianos. Tanto que acabamos fazendo amizade com um grupo de alemães. Fizeram eu me sentir um amador na arte de consumir cerveja. Os caras estavam em seis amigos e vieram em um furgão completamente lotado de engradados de cerveja. Acabamos nos juntando a eles numa das noites de bebedeira, e numa contabilidade rápida concluímos que eles haviam trazido cerca de um engradado de cerveja por pessoa por dia para o camping. Mesmo assim eles demonstravam preocupação com uma possível falta de cerveja. Quando estávamos tomando cerveja com esses caras, surgiu um guri gordinho de uns 17 anos, completamente embriagado, com um traje típico alemão todo embarrado. Concluímos que ele seguramente caiu de bêbado várias vezes pelo barro, talvez tenha rolado morro abaixo ou algo assim. Eu não entendo uma palavra de alemão pra saber o que ele dizia, mas tenho certeza que ele não dizia coisa com coisa. No dia seguinte encontramos esse mesmo guri, com a mesma roupa imunda, literalmente apagado, debaixo de um sol de rachar, bem na frente da barraca das gurias do "narguilé". Teriam as gurias abusado do rapaz? Que absurdo... Bom, é isso que eu quero dizer com "rotina inusitada e divertida". Foi bom dar uma curtida. Agora, de volta ao trabalho!
Livro da Vez: Life of Pi - Yann Martel
Muito bom livro esse "Life of Pi", ou "Vida de Pi" na versão brasileira. Bom pela situação insólita descrita. Bom pela filosofia por detrás da história. Bom pela originalidade. Bom por ser um texto fantástico mas ainda assim crível, descontados alguns "balões" (um "balão", é uma gíria antiga da minha cidade que significa algo "impossível", uma cena de filme em que a pessoa diz "ah, pára, isso aí só em filme mesmo..." é um "balão", ou um "baita balão"). Balões esses que quem tem fé dirá que são "milagres", mas enfim.
A situação insólita em que o livro nos coloca é a seguinte: Piscine Molitor Patel, conhecido por seus colegas de escola como "Pi" é um guri indiano de 16 anos cujo pai é proprietário de um zoológico. Pi pratica, ao mesmo tempo, três religiões: hinduísmo, catolicismo e islã e se interessa muito por animais, aprendendo muito com o pai. A família decide mudar-se para tentar uma vida melhor no Canadá e embarca em um navio da Índia para o Canadá. No mesmo navio estão sendo transportados alguns animais do zoo que foram vendidos para compradores na América. O tal navio naufraga. Como sobreviventes em um barco salva-vidas restam apenas Pi, uma zebra, uma urangotango e um tigre de Bengala. A maior parte do livro trata da sobrevivência do guri nestas condições. Como se já não fosse desesperador o bastante estar perdido no meio do oceano Pacífico, o menino ainda tem que lidar com um tigre, um animal não muito dócil.
O livro é muito bem escrito, e é verdade o que eu li em algum lugar a respeito: "em alguns momentos o livro nos faz sentir o sal da água do mar na pele". É interessante quando o livro nos faz sentir a angústia do personagem. Nos faz sentir como se estivéssemos na pele dele. Na minha opinião esse livro faz isso muito bem.
A filosofia por trás da história tem a ver com fé, religião, Deus e etc. Eu não concordo com a conclusão do livro, mas só comentaria isso em detalhes com alguém que tenha lido o livro, pois não gostaria de falar do final aqui. Mas enfim, é um excelente livro, e como todos os "livros da vez" aqui do blog eu recomendo.
A situação insólita em que o livro nos coloca é a seguinte: Piscine Molitor Patel, conhecido por seus colegas de escola como "Pi" é um guri indiano de 16 anos cujo pai é proprietário de um zoológico. Pi pratica, ao mesmo tempo, três religiões: hinduísmo, catolicismo e islã e se interessa muito por animais, aprendendo muito com o pai. A família decide mudar-se para tentar uma vida melhor no Canadá e embarca em um navio da Índia para o Canadá. No mesmo navio estão sendo transportados alguns animais do zoo que foram vendidos para compradores na América. O tal navio naufraga. Como sobreviventes em um barco salva-vidas restam apenas Pi, uma zebra, uma urangotango e um tigre de Bengala. A maior parte do livro trata da sobrevivência do guri nestas condições. Como se já não fosse desesperador o bastante estar perdido no meio do oceano Pacífico, o menino ainda tem que lidar com um tigre, um animal não muito dócil.
O livro é muito bem escrito, e é verdade o que eu li em algum lugar a respeito: "em alguns momentos o livro nos faz sentir o sal da água do mar na pele". É interessante quando o livro nos faz sentir a angústia do personagem. Nos faz sentir como se estivéssemos na pele dele. Na minha opinião esse livro faz isso muito bem.
A filosofia por trás da história tem a ver com fé, religião, Deus e etc. Eu não concordo com a conclusão do livro, mas só comentaria isso em detalhes com alguém que tenha lido o livro, pois não gostaria de falar do final aqui. Mas enfim, é um excelente livro, e como todos os "livros da vez" aqui do blog eu recomendo.
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sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Somos Menos que Um Píxel
As imagens a seguir mostram o tamanho da Terra em comparação a alguns planetas e estrelas. Dá uma idéia de como somos pequenos neste universo absurdamente gigantesco. E ainda tem gente que se mata pela posse temporária de uma partezinha ínfima dessa pequena fração de píxel. Pessoas que se matam pra ter influência e poder por um instante efêmero no tempo em um ponto minúsculo do espaço. Por alguma razão eu acho mais importante um sorriso. Acho mais importante a diversão. Um beijo e um abraço. Acho mais importante o amor de verdade. Pelas pessoas e não pelas coisas. O ser antes do ter. Por alguma razão eu acho que essas coisas transcendem o nosso tamanho.
Esse post tem tudo a ver com um vídeo que eu postei esses dias. Não sei de quem são as imagens. Adoraria dar o crédito ao autor, mas achei as imagens no Orkut, sem nenhuma referência à fonte.
Esse post tem tudo a ver com um vídeo que eu postei esses dias. Não sei de quem são as imagens. Adoraria dar o crédito ao autor, mas achei as imagens no Orkut, sem nenhuma referência à fonte.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Pergine Medieval
Sábado passado aconteceu uma batalha medieval em Pergine Valsugana, cidadezinha onde eu moro. Foi a representação de uma batalha acontecida em 1356 entre o povo de Padova, que então controlava o castelo e o povo do Tirol, atual região da Áustria. Foi muito interessante o evento. A caracterização dos atores e o cenário do castelo estavam sensacionais. Os atores eram claramente amadores e muita coisa foi de improviso na encenação. Provavelmente o elenco era de cidadãos de Pergine e região aficionados pelo período medieval querendo dividir com a população um pouco dessa cultura. Muito interessante o evento. Eu assisti a batalha com meus novos companheiros de quarto e amigos Leonardo e Paula. O leitor pode encontrar mais fotos do evento no meu orkut, facebook ou no site do Leonardo K. Alencar, que aliás foi quem tirou todas as fotos, muito boas na minha opinião.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Churrascaria
Ontem fui a uma churrascaria em Verona com um pessoal. Para qualquer pessoa no Brasil ir a uma churrascaria é um evento banal (ok, para a minoria de brasileiros que pode almoçar fora de vez em quando é banal). Mas pra quem mora em Trento, é um evento sensacional. Carne e mais carne. Carne a vontade. Eu saí mal de lá. Comi muito. Como é bom um churrasco. Que mané cozinha francesa, italiana, indiana... Bom é um churrasco! E não só o churrasco. Vocês que moram no Brasil não tem noção de como é bom feijão preto, salada de maionese, farofa... É bom demais! E tudo isso acompanhado por uma caipirinha e Zeca Pagodinho. Valorizem essas coisas. Coisas tão simples para vocês. Tão extraordinárias para nós que estamos longe. Valorizem o Brasil!
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