Este livro fala sobre a experiência de uma família de judeus alemães durante a segunda guerra. Essa família fugiu para a Holanda quando Hitler assumiu o governo alemão. A decisão de fugir foi tomada na hora certa, mas para o lugar errado, já que alguns anos depois a Holanda seria anexada ao Reich. O título do livro faz analogia à família de Anne Frank. Que, de maneira semelhante à família retratada no livro, fugiu para a Holanda e, quando a Alemanha conquistou a Holanda se escondeu na clandestinidade. A família do livro sobreviveu, ao contrário da de Anne Frank (da qual só sobreviveu o pai). Anne Frank é conhecida por ter deixado um diário contando suas experiências naquele período conturbado. Tal diário é leitura obrigatória em escolas aqui na Europa. Talvez isso contribua para que algo do gênero não volte a acontecer. Talvez.
Aquela guerra teve um impacto sobre a Europa que ainda hoje se pode sentir. Certa vez, no ônibus, eu não sei nem por que, mas um senhor italiano começou a gritar e xingar um outro cara de fascista. E a dizer que os estrangeiros trabalham e ajudam a Itália a ser o que é. Eu imagino que o tal cara tenha tomado alguma atitude preconceituosa contra algum estrangeiro. O fato é que o tal senhor estava indignado e chamou o cara de fascista e desatou a falar de todos os males que o fascismo causou aos italianos. Outro dia, tomando cerveja com amigos na Piazza Duomo, um senhor de certa idade chegou na nossa mesa perguntando se sabíamos que o fascismo ainda existe na Itália. Respondi que achava que não, que era coisa do passado. Ele, meio indignado, procurou justificar a nossa "ignorância" dizendo algo como: "hmpf, não são italianos, não sabem de nada..." Alguns dias depois, vendo no Le Iene uma reportagem sobre quem seria a "madrinha dos caminhoneiros" da Itália, um dos caminhoneiros entrevistados não tinha nenhum pôster de mulher nua ou seminua na boléia. Mas tinha um pôster do Mussolini. Aquilo me fez pensar que talvez o velhinho paranóico que veio falar conosco na Piazza Duomo tenha alguma razão. Espero que não. Ainda vou ler algum livro italiano sobre fascismo. Já me indicaram "O Jardim dos Finzi-Contini" de Giorgio Bassani e "Cristo parou em Eboli" de Carlo Levi.
Eu gostei do estilo de narrativa de "A Família Frank que Sobreviveu". Ao mesmo tempo que descreve o drama da família, o livro apresenta a situação econômica, política e militar da Europa no período. Em especial, claro, da Alemanha e da Holanda que são o insólito pano de fundo do relato. Detalha bem o período de depressão econômica e hiper-inflação vividos pela Alemanha após a primeira guerra e que ajudam a explicar o inexplicável da segunda.
Vale ressaltar que o autor do livro é neto dos pais da tal família Frank, e filho de uma das moças que viveram o drama na Holanda. Ou seja, o autor também é um membro da família Frank. Felizmente em um período mais recente. Eu não li "O Diário de Anne Frank". Mas acho que deve ser um belo livro que lerei quando tiver oportunidade. Provavelmente seja até melhor que este livro que estou recomendando aqui, já que é um relato "ao vivo", de alguém que estava lá. Mas só lendo o diário pra saber. Só sei que "A Família Frank que Sobreviveu" é uma ótima leitura.
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3 comentários:
dez para o velhinho, não tarado!!!1
dia desses no programada gnt elas falaram o fim do filme da anne frank...ahahah já sei agora
Tem filme de Anne Frank? Legal. Deve ser interessante.
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