quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pubblico Ministero

Participei ontem de um RPG (Role Playing Game). Pra quem não sabe, um RPG é um jogo onde cada jogador precisa cumprir um papel. Mais ou menos como um ator. Só que não tem texto. A coisa é toda no improviso e o final é imprevisível. Como é um jogo, uns ganham e outros perdem.

Na partida de ontem, tínhamos que atuar em um julgamento de um caso de homicídio. A vítima era uma senhora viúva rica, o réu um garotão que tinha um caso com ela e nenhum emprego. Claramente um aproveitador. A testemunha, uma mãe solteira acolhida pela viúva em sua casa e para quem fazia trabalhos domésticos. A testemunha teria ouvido, da cozinha, o réu discutir com a sua patroa cerca de uma hora antes de encontrá-la morta em seu quarto. Contra o réu, o testamento da viúva do qual era o único beneficiário, o fato ter reservado um carro esportivo de luxo em uma concessionária uma semana antes do crime e um arranhão no braço depois do crime. Estrangulamento. No decorrer do julgamento apareceram fatos novos, como o fato de a testemunha e o réu terem tido um caso anos antes do ocorrido, pondo em xeque a credibilidade da testemunha.

Sorteiam-se os papéis entre os jogadores. Um seria o réu, outro o advogado, alguém seria da promotoria, alguém o juiz, uma menina seria a testemunha e o restante faria parte do júri que daria o veredito ao final. Confesso um certo nervosismo quando fui sorteado como "promotor público" do caso. Teria que interrogar a testemunha e o réu, e apresentar ao júri os motivos para condená-lo. Tarefa um tanto difícil pra mim, que não sou advogado nem italiano e ainda por cima sou meio tímido (já fui muito tímido, agora sou só "meio" tímido). Foi uma experiência bem interessante. Eu acho que nunca tinha exercitado o italiano nesse nível, de ter que argumentar, questionar, apresentar uma "tese". Tudo que eu faço e apresento profissionalmente por aqui é em inglês. Foi um exercício muito bacana.

Infelizmente, pra mim, o resultado do julgamento não foi bom. O réu foi inocentado por falta de provas. De fato não havia provas materiais concretas de que ele era o assassino. Apenas o motivo e indícios. Pensando por esse lado, a decisão do júri talvez tenha sido a mais justa. Mas meu trabalho como promotor seria condená-lo mesmo assim. Quem sabe da próxima vez. Agora o garotão anda pela cidade com seu carro esporte. Paciência. O importante é que a experiência foi divertida e enriquecedora pra mim.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ciao!
Quer dizer, oi! Morei um tempo na Itália tb.
Vc mora em Trento? O que fui fazer aí no bel paese tem a ver com Trento: o mov. dos Focolares. Abraço.
Obs: no teu blog falta um texto com o perfil do autor. Ajuda, inclusive, para achar teu blog nas buscas do google.

Carina disse...

Parabéns por vencer o "teu" desafio, o jogo era só um pequeno detalhe.

Unknown disse...

Buraco, moro em Trento sim. Obrigado pelo comentário.

Carina, valeu! Grande beijo!