Vou falar um pouco sobre o assunto mais polêmico dos últimos dias aqui na Itália. Imigração. O assassinato de uma senhora catequista italiana por um sujeito romeno em Roma cerca de uma semana atrás foi a gota d'água para a oposição ao atual governo italiano, bem como para a mídia que passou a dar total atenção ao problema da imigração. Um tempo atrás também ocorreu o assassinato de um casal de caseiros italianos por um albanês, visto que eles não sabiam informar onde seria o cofre da casa onde trabalhavam. A partir destes eventos, e da constatação de que estão se formando e aumentando enormes acampamentos, semelhantes a favelas de imigrantes clandestinos às margens dos rios que cortam Roma e em vários outros lugares da Itália, os telejornais e programas de debates políticos locais têm dedicado cerca de metade do seu tempo para discutir o problema da imigração e da segurança. Com a entrada da Romênia na União Européia, em janeiro de 2007, o problema aumentou, já que os cidadãos Romenos, incluindo uma das maiores populações de ciganos do mundo, agora podem viajar livremente por toda a Europa.
Chegou a haver reações violentas como o caso de quatro romenos que foram espancados por um grupo de italianos encapuzados em um estacionamento em um shopping em Roma, em resposta ao assassinato da senhora catequista, com o qual evidentemente os romenos espancados não tinham nada a ver.
Falou-se bastante nos últimos dias que quem não tem renda nem um lugar para morar, seja comunitário ou extra-comunitário, não pode ficar no país. Falou-se que a Itália tem fama de ser mais tolerante com a imigração do que muitos outros países da Europa e que isso deve mudar. Falou-se em extradição em massa de imigrantes irregulares. Extradição essa que seria contra as regras da União Européia e contra os direitos humanos, e por isso mesmo foi descartada pelo governo. Falou-se em aplicar a mesma lei hoje aplicada aos extra-comunitários, também aos imigrantes provenientes da União Européia (isso também iria contra as regras da UE). Ontem, com a visita do primeiro ministro romeno à Itália, parece que houve uma esfriada nos ânimos. O governo fala agora em combater o crime e a violência e em promover a integração de todos os que não são delinqüentes e que não haverá nenhuma expulsão em massa. A expulsão então seria para aqueles que cometem ou cometeram algum reato. A oposição responde que tal integração custa muito caro ao cidadão italiano e afirma que do jeito que vai, a situação ficará inalterada. Não há acordo para votar no parlamento o decreto do governo sobre a segurança.
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